terça-feira, 17 de junho de 2014

silêncio

silêncio
: não é falta de assunto
é vaga em tarde quente
ar parado no tempo
um dia de dezembro
sem nada que fazer

esse silêncio
pode até ser triste
mórbido, escuro
pode ser punk rock
ou um moribundo
arrastando seus farrapos pelas ruas

silêncio que arde
que invade
sela as paredes da alma
e germina sem água
como sementes de cactus
no deserto nordestino

silêncio mudo
silêncio amigo
das pedras, dos rios, da pescaria
dos amigos de verdade
dos beijos iminentes
da morte, quem sabe

não tem palavra
não tem barulho
também sem lágrima
sem urro
sem o tumulto da incerteza
do desejo, o submundo

silêncio, me beija
deita comigo
depois penetra minhas valas
lava minhas falhas
e me faz parte sua, um resquício
qualquer de paz.

L.G.

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