Se você tem o corpo aberto
Deve saber
Às vezes é melhor ficar quieto
Em silêncio
Às vezes é preciso fechar as portas
Passar concreto
Nas rachaduras
E ficar
Consigo mesmo e mais ninguém
À espreita
De interferência nenhuma.
Mas será possível?
Se o outro me atravessa
Me alcançam, seus pensamentos
Se sua língua me lambe as orelhas
De palavras meigas.
Saliva doce
Em minha boca seca
Enlaça-me o pescoço
De desejo.
Tira-me, o ar
Por longe que esteja.
segunda-feira, 23 de junho de 2014
terça-feira, 17 de junho de 2014
silêncio
silêncio
: não é falta de assunto
é vaga em tarde quente
ar parado no tempo
um dia de dezembro
sem nada que fazer
esse silêncio
pode até ser triste
mórbido, escuro
pode ser punk rock
ou um moribundo
arrastando seus farrapos pelas ruas
silêncio que arde
que invade
sela as paredes da alma
e germina sem água
como sementes de cactus
no deserto nordestino
silêncio mudo
silêncio amigo
das pedras, dos rios, da pescaria
dos amigos de verdade
dos beijos iminentes
da morte, quem sabe
não tem palavra
não tem barulho
também sem lágrima
sem urro
sem o tumulto da incerteza
do desejo, o submundo
silêncio, me beija
deita comigo
depois penetra minhas valas
lava minhas falhas
e me faz parte sua, um resquício
qualquer de paz.
L.G.
: não é falta de assunto
é vaga em tarde quente
ar parado no tempo
um dia de dezembro
sem nada que fazer
esse silêncio
pode até ser triste
mórbido, escuro
pode ser punk rock
ou um moribundo
arrastando seus farrapos pelas ruas
silêncio que arde
que invade
sela as paredes da alma
e germina sem água
como sementes de cactus
no deserto nordestino
silêncio mudo
silêncio amigo
das pedras, dos rios, da pescaria
dos amigos de verdade
dos beijos iminentes
da morte, quem sabe
não tem palavra
não tem barulho
também sem lágrima
sem urro
sem o tumulto da incerteza
do desejo, o submundo
silêncio, me beija
deita comigo
depois penetra minhas valas
lava minhas falhas
e me faz parte sua, um resquício
qualquer de paz.
L.G.
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