Tô escutando pra ouvir
Nada me diz
O sonho desfeito
Mas os passarinhos
Os carros
As pessoas que passam
Me falam
: da vida
De ti
Do dia que inicia
Da noite que passou
Do amor que ressuscita.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
Ode ao avesso
Pra você é muito simples
Enclausurar-se todo dia
Pra ganhar dignamente a vida
Pra você não há sofrimento
São as necessidades
A sobrevivência
Então você levanta e vai
Se veste e penteia
É da sua natureza
Eu me queixo e você não compreende
Repreende meu lamento
Diz que eu fantasio
Cabeça de artista vagabundo
Pensamentos à deriva
"Como vai comprar o carro
Pagar o condomínio?"
Você não entende que o mundo é minha casa
E os muros são antíteses
Às rimas fáceis das minhas frases
Às minhas dúbias alegrias
Você não entende por que caminhos minha vontade vai
E que nada de ordinário me apetece
: todo dia acordar, bater ponto e tomar
O mesmo ônibus pro serviço
Queixar do chefe,
Domar a alma livre
Comportá-la num compartimento
Tão pequeno pros meus olhos
Sedentos de mundos, pontes, rios
Você não pode ver
Você não entende
Só pensa na prestação da casa
Na grama do vizinho
(Sempre mais verde
Sempre mais lisa)
Só espera o jantar de domingo
Só se ocupa com idiossincrasias
- tão natural à burguesia -
(Essa classe que atende a conclamos e regras
Mas pouco vive)
Você não entende meu raciocínio
- pra mim isso é um alívio -
Ser compreendida por alguém assim
Seria suspeito e ambíguo
Só me compreendem os surfistas
Os poetas, peregrinos
Só me compreendem os artistas
Os sem-tetos, os indígenas.
L.G.
Enclausurar-se todo dia
Pra ganhar dignamente a vida
Pra você não há sofrimento
São as necessidades
A sobrevivência
Então você levanta e vai
Se veste e penteia
É da sua natureza
Eu me queixo e você não compreende
Repreende meu lamento
Diz que eu fantasio
Cabeça de artista vagabundo
Pensamentos à deriva
"Como vai comprar o carro
Pagar o condomínio?"
Você não entende que o mundo é minha casa
E os muros são antíteses
Às rimas fáceis das minhas frases
Às minhas dúbias alegrias
Você não entende por que caminhos minha vontade vai
E que nada de ordinário me apetece
: todo dia acordar, bater ponto e tomar
O mesmo ônibus pro serviço
Queixar do chefe,
Domar a alma livre
Comportá-la num compartimento
Tão pequeno pros meus olhos
Sedentos de mundos, pontes, rios
Você não pode ver
Você não entende
Só pensa na prestação da casa
Na grama do vizinho
(Sempre mais verde
Sempre mais lisa)
Só espera o jantar de domingo
Só se ocupa com idiossincrasias
- tão natural à burguesia -
(Essa classe que atende a conclamos e regras
Mas pouco vive)
Você não entende meu raciocínio
- pra mim isso é um alívio -
Ser compreendida por alguém assim
Seria suspeito e ambíguo
Só me compreendem os surfistas
Os poetas, peregrinos
Só me compreendem os artistas
Os sem-tetos, os indígenas.
L.G.
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
Mais um janeiro.
Alguns dias apenas.
Isso não machuca, deixa penetrar...
Só algum tempo sem angústias
:Andar e volver um outro lugar não fere, não aluga.
Só uns dias. Só uma vida.
Só esta estaca, só esta estada.
Alguns dias, algum tempo infinito.
Interstício no pensamento
- obstáculo na oclusão.
Só uns dias. Mais um clima.
Somente um chão, um vão,
um janeiro a mais.
Um passo, um regato, um adeus
um pôr-do-sol, um bem-te-vi.
Isso não machuca, deixa penetrar...
Só algum tempo sem angústias
:Andar e volver um outro lugar não fere, não aluga.
Só uns dias. Só uma vida.
Só esta estaca, só esta estada.
Alguns dias, algum tempo infinito.
Interstício no pensamento
- obstáculo na oclusão.
Só uns dias. Mais um clima.
Somente um chão, um vão,
um janeiro a mais.
Um passo, um regato, um adeus
um pôr-do-sol, um bem-te-vi.
Paixão do demônio.
Paixão parece doença
Num click, remete a um paraíso
Que se desvanece ao se formar
Mas quem pode vencê-la?
Perdem-se as estribeiras
Enlouquece-se o pensar
Um demônio sem dono
Castigando a vontade
Escravizando o corpo (delírio)
Uma obsessão sem juízo
Calvário de sonhos, delícias
Cujo destino não raro
É o abismo.
Num click, remete a um paraíso
Que se desvanece ao se formar
Mas quem pode vencê-la?
Perdem-se as estribeiras
Enlouquece-se o pensar
Um demônio sem dono
Castigando a vontade
Escravizando o corpo (delírio)
Uma obsessão sem juízo
Calvário de sonhos, delícias
Cujo destino não raro
É o abismo.
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